Relato de uma constelação de adolescente
- rosasilvestreconst
- 27 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Ela chegou, uma menina de 13 anos, olhos tristes, assustados, mas postura firme de quem aceita olhar para suas dores, como elas nunca foram vistas.
Chegou com a avó, que parecia também carregar o mundo nas costas, criara a neta desde seus 8 meses. Sua filha, mãe da garota, estava indisponível para a filha, repetindo o padrão familiar de abusos e violências.
Assim que foi chamado a representante da dor da garota, ela se aninhou atrás da representante da constelada.
Era a sua criança ferida, que não podia falar, era reprimida e carente de afetos e cuidados, vítima de muitas violências e abusos.
Aparece uma representante do sistema familiar saudável com uma postura amorosa de acolhimento e aceitação. Era a luz na escuridão. Ela ficou do início ao fim, e foi trazendo amor incondicional que cura.
O campo trouxe outra representante que se deitou na frente da representante da dor. Era a mãe da garota, doida, sofrida, amargurada e aprisionada no ciclo do sofrimento.
Através do olhar, das falas sistêmicas, a mãe foi se abrindo e se sentindo pertencente. Havia muito julgamento da criança ferida da filha. Mas chegando outra representante do sistema familiar, ela percebeu que esse padrão era bem antigo.
Essa menina de 13 anos era a buscadora do seu sistema. Ela foi percebendo sua força, pacientemente esperou a abertura da sua criança ferida para dar o carinho que ela precisava receber e não foi acostumada.
A representante da mãe conseguiu se levantar, e atrás dela outras gerações sofridas de mulheres violentadas, mas atrás de todas tinha uma ancestral que transparecia o amor incondicional que cura.
A garota constelada se conectou com sua criança, e juntas sentiram força para se aproximar da mãe ausente e se abraçaram.
Apesar de não aparecer no campo o pai agressivo, ele foi incluído nas falas para que essa garota pudesse se retirar, sem julgamento, do ciclo da violência. Pudesse se defender e ao mesmo tempo reconhecer que ele apenas repete o que recebeu na sua infância, que carrega muita dor e a agressão passou a ser sua forma de comunicação e defesa.
Nada é por acaso, não podemos mudar o outro, mas podemos fortalecer as vítimas para que aprendam a se defender, e aprender com sua história de dor e fazer diferente.
Empatia, compaixão, resiliência e amor incondicional foram os ingredientes vitais para fortalecer o vínculo consigo mesma e com seu entorno. Assim foi encerrado a constelação.
(Rosa Silvestre consteladora que participou como representante da constelada e deixou registrada essa experiência luminosa)







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